Apesar do cantor Leonardo parecer bem à vontade nos depoimentos para o livro Leonardo – Não Aprendi Dizer Adeus, o cantor confessou no lançamento do livro, em São Paulo, nesta terça-feira (5), que a iniciativa de contar seus 50 anos de vida não partiu dele e nunca foi uma vontade pessoal.
— Por mim, eu não contaria nada pra ninguém, guardava tudo pra mim mesmo. Mas o povo veio e deu a ideia. Falei ‘vamos, se for para contar e não pra florear, eu conto’
No livro, Leonardo conta muito sobre a personalidade e o convívio com o irmão Leandro, que morreu há 15 anos, vítima de câncer. O cantor lamenta ter batalhado tanto para conseguir o sucesso e o irmão ter partido no meio do caminho.
— Foi muito difícil relembrar tudo o que vivi com meu irmão. Às vezes o povo fala, ‘pô, mas já faz 15 anos’, mas pra mim é como se fosse ontem. O que eu vivi foram coisas que ninguém viveu. Eu que vi. Ver o sucesso que foi a dupla e ser embargada no começo da carreira... Meu irmão tinha 35 anos de idade. Na hora de colher os frutos da nossa plantação, ele não teve tempo. Teve momentos difíceis de contar.
Apesar de ser conhecido também pelo lado mulherengo, o livro não conta sobre as conquistas amorosas do cantor. Pelo contrário, revela até que o atiradinho da dupla era Leandro. Mas, segundo o cantor, propositalmente os amores não entraram na biografia.
— O livro é sobre minha história, não das mulheres. Se eu for contar os nomes das mulheres, vou ter que escrever um livro no tamanho de uma Bíblia só pra botar os nomes das raparigas. Falo só da minha história e do meu irmão. Mulher não pode falar muito não senão elas processam a gente
No ano passado, logo após o acidente de Pedro Leonardo, o cantor anunciou a aposentadoria e disse que se arrepende de não ficar tanto perto da família. Em Leonardo – Não Aprendi Dizer Adeus, o sertanejo volta a declarar seu arrependimento, mas diz que não seria capaz de abandonar os palcos, principalmente por causa do que conquistou desde Leandro & Leonardo e pelos fãs.
— Muitas coisas me prendem. É um coisa diferente autografar livro, nunca pensei que eu faria isso. Isso tudo faz com que eu fique preso na carreira. Já estive muito mais preso. Hoje a gente faz o tanto de show que a gente quer, tem tempo de ver os meninos crescer. E tem menino de mais da conta [risos].
O que também Leonardo bate e rebate na obra é sobre fantasmas e lembranças que martelam em sua cabeça. No entanto, o goiano revela que hoje esse tipo de pensamento é menor. Principalmente em relação a Leandro
Para o cantor o livro também vai ajudar os fãs a se desprenderem de Leandro.
— Depois da morte do meu irmão eram muito sonhos, sonhos quase que reais. Sempre bons, nunca ruins. Confesso que hoje está tranquilo. De vez em quando sonho com ele. Acho que agora ele descansou, deu uma acalmada. Acho que é por isso que eu não sonho mais. Até então, era muito grudado, parecia que ele ainda estava aqui. Hoje não, ficam as lembranças gostosas. As partes ruins a gente procura não lembrar
No lançamento do livro, Leonardo afirmou que o irmão nunca se deixou abater pela doença que o tirou a vida.
— Eu conversava com ele sozinho no quarto, e ele falava que ia sair dessa. Nestas conversas, eu dizia pra ele “Eu tenho 30 show pra fazer, coloco meu irmão? Coloco o Alessandro, o Carlos?”. E ele respondia “Não, acho que não. Se você colocar meus irmão vão dizer que to dando o braço a torcer. Vai sozinho que você da conta. Conheço você no palco, você sozinho é muito melhor”.
Leonardo vê o lançamento do livro não só como um jeito de relembrar o jeito determinado e otimista de Leandro. Para ele, muitos novos nomes da música sertaneja podem se inspirar com essa trajetória de sucesso.
— Por ser uma história simples, muita gente vai se identificar. Quem está começando a carreira se se espelhar neste livro, vai se dar bem
Texto e entrevista: Paola Correa, do R7
Fotos: Thiago Duran/AgNews